Mindset para uma boa higiene comunicacional
- Catarina Oliveira
- 28 de abr. de 2020
- 3 min de leitura

É frequentemente apontado que devemos dar atenção a quatro áreas vitais para o nosso bem-estar integral.
Existimos e desenvolvemo-nos em torno de quatro dimensões que necessitam de cuidado para gerar harmonia e equilíbrio no modo como conduzimos a nossa vida.
Seja utilizada como ferramenta de diagnóstico prévio, ou paralelo à roda da vida, por exemplo, ou a quaisquer outras ferramentas potenciais iniciais de um processo de Coaching, identificarmos e consciencializarmo-nos do nosso estado naquele preciso momento, a nível físico, emocional, mental, e espiritual (ou holístico, ou religioso, ou consciência do colectivo e universal, como lhe queiram chamar), é o primeiro passo para qualquer mudança que queiramos implementar (não esquecer que a vontade/voluntariedade nestes processos de perspectivar a nossa realidade é muito importante).
Calibrar, ou seja, dar um valor quantitativo a como nos movimentamos (ou não) neste momento naquelas quatro áreas é um importante indicador ao que pode ser criado, desenvolvido, e melhorado.
Como?
· Dimensão física: Quanto mais nos sentirmos enérgicos, mais teremos vontade para prosseguir os nossos sonhos e objectivos;
· Dimensão mental: quanto mais formos ágeis em pensamento, mais conseguiremos construir conteúdos e acções especificas para gerarmos o que queremos para nós;
· Dimensão emocional: quanto mais tivermos capacidade para observar o que estamos a sentir num determinado momento, maior aceitação e capacidade de mudança de emoções teremos;
· Dimensão espiritual: quanto mais conseguirmos observar o nosso redor, com a consciência que somos interdependentes, e que cada acção que praticamos irá ter um efeito boomerang, mais superamos diferenças, simplificamos as intenções dos outros, e ganhamos compaixão própria e alheia.
E o que tem tudo isto que ver com uma boa higiene comunicacional?
Primeiro que tudo, o que é uma boa higiene comunicacional?
Comunicação “higiénica” é aquela em que:
a) Quem comunica deve saber que o receptor tem a sua própria história e contexto de vida, que não é igual ao nosso, e que por isso, não pode haver expectativas quanto à resposta que iremos receber, uma vez que essas expectativas vêm da nossa própria visão, muito pessoal, e muito interpretada através do nosso património individual;
b) O receptor pretende, tal como nós, atender às suas necessidades da melhor forma que sabe, sendo a sua derradeira intenção procurar bem-estar e paz (embora possa não parecer ser essa a intenção, pelas barreiras que foi erguendo em defesa de si próprio durante a vida);
c) O modo como comunicamos, é o único modo a que temos acesso consciente naquele momento que estamos a comunicar;
d) Haver falhas de comunicação é natural devido às, igualmente, naturais diferenças vindas do já descrito na alínea a);
e) As falhas, dissonâncias na comunicação são excelentes oportunidades para gerar novos caminhos de solução, sendo o início da uma possível abertura ao outro, ao que de novo ele nos pode trazer, ao que de mais podemos construir em conjunto, e que será sempre diferente da situação estática anterior;
f) Ao termos a plena (e verdadeira) convicção que as pessoas possuem todas as ferramentas emocionais para gerar mudança, criamos espaço de abertura para entendê-las, e, de imediato transformar a visão da situação;
g) Ao sermos flexíveis e adaptáveis quando nos deparamos com um desafio comunicacional, mais aptos estaremos a encontrar outras realidades mais cooperativas, logo, mais satisfatórias para os envolvidos;
h) O emissor da comunicação é responsável pela resposta que recebe, porque fazemos todos parte de um sistema.
São estas as bases essenciais para se alcançar uma boa higiene comunicacional. E elas devem constituir o nosso mindset, ou seja, aquilo que já está instalado em nós, quando vamos corresponder a um desafio, neste caso, um desafio diário e permanente, a comunicação eficaz.
E como instalar este mindset?
É aqui que surge como pertinente aquele trabalho de desenvolvimento pessoal que introduzi no início deste post.
Para conseguirmos envolvermos nos num sistema de comunicação que nos leve a alcançar os nossos objectivos pessoais, e consequentemente, ou conexamente, colectivos, organizacionais, sistémicos, devemos cuidar do nosso desenvolvimento pessoal naquelas dimensões, sobretudo, na emocional e espiritual.
O coaching tanto individual como de grupo, ou de equipa é um processo que nos permite trabalhar estas áreas, com vista a enriquecer e dotar de ferramentas úteis quem, voluntariamente, o procura, e assim, directamente, influi no modo como o indivíduo comunica.
A mediação de conflitos é um processo que utiliza aquelas bases como princípios fundamentais de actuação do mediador, que já se preparou previamente para os acolher e fazer deles uma ferramenta técnica a transmitir aos envolvidos no conflito, e a implementar como prática permanente em toda a sessão de mediação, passando-os, indirectamente aos mediados, influindo assim na condução do processo com vista a uma maior abertura a diferentes realidades e novas perspectivas que podem mudar a forma como se resolve o conflito.
Higienizarmo-nos é fundamental.
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